Parceria entre Katumbaia, ADUR-RJ e Proteção Animal. |
Dia 18 de Julho foi realizado o 1º Ciclo Animais na UFRRJ e Seropédica, como primeiro espaço do Fórum Meio Ambiente, Bioética e Bem-estar Animal.
A iniciativa é do Grupo de Trabalho em Política Agrária, Urbana e Ambiental, GTPAUA, da Associação Docente Universitária, ADUR-RJ, entidade vinculada a ANDES-SN, sindicato nacional da categoria.
O evento é expressão da deliberação do 32º Congresso do ANDES-SN, realizado em março de 2013, no Rio de
Janeiro, que preconiza: “O ANDES-SN defende que políticas de
proteção e bem-estar animal sejam praticadas nas instituições de
ensino superior”.
À convite da ADUR-RJ, o Grupo Katumbaia participou da construção, juntamente com entidades de proteção de cães e gatos.
Houve palestras, oficinas, painéis, mesas-redondas e denúncias. Entre os palestrantes estavam, Anna Marcia Martins, Sérgio Greif e Daniel Lourenço, que fizeram ótimas falas.
Será convocada uma assembleia para fechar os encaminhamentos abordados nesta edição.
Abaixo, segue o discurso feito pelo Grupo Katumbaia na abertura do evento:
"Bom dia a todos.
Primeiramente gostaria de, em nome dos
estudantes e grupos organizados, agradecer a todos os presentes, e
ressaltar a imensa importância que é tê-los aqui apreciando o
debate sobre as diversas esferas dos Direitos Animais. Debate este,
que figura entre os temas fundamentais para construção de uma
sociedade mais saudável.
O que não faltam, são evidências de
que precisamos urgentemente de novos valores. Superar o antigo
paradigma que coloca o humano hétero, branco e do sexo masculino
como o centro do universo. Este paradigma que tem destruído direitos
indígenas, e dilacerado a liberdade sexual, é exatamente o mesmo
que expõe e subjuga as mais diversas espécies de animais aos
interesses do animal designado como Homo Sapiens, custe isto o que
custar.
A violência que caracteriza um ato de
agressão, é exatamente a mesma independente da cor, forma, língua
ou nível de inteligência do agredido. Assim como os sentimentos que
impelem a injúria são exatamente os mesmos, independente do alvo a
quem é direcionada.
Pesquisas tem indicado que pessoas que
cometem crimes violentos, na grande maioria das vezes presenciaram ou
foram autores de crueldade contra outras espécies de animais, quando
crianças.
Cegos a estes fatos, tentamos de todas
as formas, justificar a exploração que fazemos dos outros animais.
Mas não há um só argumento capaz torná-la eticamente
justificável. Por fim, invoca-se sempre a existência de diferenças
entre humanos e outros animais, como se a diferença por si só
bastasse pra justificar a objetificação e opressão que causamos.
Olhares um pouco mais atentos, perceberiam que estas respostas,
representam os mesmos mecanismos fundamentadores do fascismo, racismo
e machismo. Mas o que fundamenta direitos, não são diferenças nem
semelhanças. Mas sim a existência de individualidade e interesses
conscientes.
Cambridge, 2012 - Conferência de
Neurocientistas emite declaração atestando a existência de
consciência em animais.
E pensar que demoraram tanto para
anunciar o óbvio. Ou será que alguém pensou que o cérebro não
serviria para produzir consciência nos outros animais??
Enquanto isso, em Seropédica, animais
que deveriam ser classificados como Grandes Primatas, sobem e se
divertem nas costas de bois e cavalos, enquanto estes pulam de dor
por terem uma corda, que comprime os órgãos internos, amarrada à
sua barriga. E tudo isso com o apoio de nossa universidade.
E como ficamos quando sabemos que
diariamente diversos porcos, vacas, equinos, coelhos, ratos, cobaias,
cães, e muitas outras espécies de animais, são submetidas a
procedimentos dolorosos e estressantes de pesquisa e ensino na Rural?
É preciso lembrar que a Declaração Internacional dos Direitos
Animais, da qual o Brasil é signatário, expõe que qualquer tipo de
experimentação é incompatível com os Direitos Animais?
É possível que alguém esteja
afirmando: Esse cara quer acabar com ciência!
Não. Definitivamente não. O que acaba
com a ciência é associá-la com um único método. É defini-la e
limitá-la a uma única matriz de pesquisa. É admitir que não há
outra forma de se fazer ciência, que não o uso de animais.
Há substituição à todas a linhas de
pesquisa com animais? Atualmente não, pois cada linha de pesquisa
depende apenas de seu criador e dos seus reprodutores.
É possível substituir todas as linhas
de pesquisa com animais? Não sem investimento.
Enquanto existem linhas de pesquisa
humanitária sendo desenvolvidas nas mais diversas áreas, inclusive,
no Rio de Janeiro, onde temos profissionais de renome na área,
trabalhando na UFF e na FIOCRUZ, que é a maior experimentadora em
animais na América Latina, a Rural, nem sequer possui um projeto
institucional ou investimento mínimo, que seja, para mudar o perfil
da nossa pesquisa, nem mesmo na área primordial do ensino.
Mas se desejarmos, em algum futuro,
modificarmos a matriz científica de produção de conhecimento,
temos de começar modificando o ensino.
A formação de profissionais de
biomédicas por meio de grades curriculares humanitárias, por sua
vez, potencializará a criação de linhas de pesquisa sem o uso
degradante de animais.
A maioria das universidades de destaque
mundial já não utiliza mas animais como metodologia de ensino.
Harvard, Yale, Oxford, Cambridge. Em muito países, o uso na
graduação foi proibido. Australia; Canadá; Áustria; Inglaterra. No
Brasil diversas universidades já pararam.
Temos uma quantidade cada vez maior de
estudos que apontam a vantagem pedagógica do ensino sem o uso de
animais vivos, ou que tenham sido mortos para as práticas.
Precisamos incentivar os estudantes que
são contrários ao uso de animais no ensino, garantindo-lhes o
direito de Objeção de Consciência, que é o direito de cursar o
Curso de sua escolha por meio de metodologia humanitária.
É de prima importância entendermos,
que prejudicar um estudante, em sua nota ou frequência, ou
desestimulá-lo a dar seguimento ao curso por conta de suas crenças
filosóficas; políticas ou religiosas, trata-se de discriminação,
pois o estudante está sendo impedido de exercer sua própria
identidade sociocultural, ferindo assim sua liberdade de crença
garantida pela Constituição.
Devemos nos esforçar em aliar a ética
e a ciência. Estimular a valorização da vida e passar valores de
compaixão, sensibilidade ao sofrimento alheio, e fraternidade, assim
como imbuir nosso ensino dos mesmos. É somente por meio da mudança
de corações e mentes, associada a atuação organizada que
conseguiremos provocar mudanças estruturais em nossa sociedade, para
um caminho mais igualitário e justo.
É por isso que o Grupo Katumbaia luta.
E é por acreditar que eventos como este contribuem para esta mudança
que estamos aqui conclamando todos vocês a se organizarem e
contribuírem na transformação de nossa Universidade.
Obrigado."
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