segunda-feira, 22 de julho de 2013

1º CICLO ANIMAIS NA UFRRJ E SEROPÉDICA

Parceria entre Katumbaia, ADUR-RJ e Proteção Animal.
        Dia 18 de Julho foi realizado o 1º Ciclo Animais na UFRRJ e Seropédica, como primeiro espaço do Fórum Meio Ambiente, Bioética e Bem-estar Animal.
A iniciativa é do Grupo de Trabalho em Política Agrária, Urbana e Ambiental, GTPAUA, da Associação Docente Universitária, ADUR-RJ, entidade vinculada a ANDES-SN, sindicato nacional da categoria.
O evento é expressão da deliberação do 32º Congresso do ANDES-SN, realizado em março de 2013, no Rio de Janeiro, que preconiza: “O ANDES-SN defende que políticas de proteção e bem-estar animal sejam praticadas nas instituições de ensino superior.
         À convite da ADUR-RJ, o Grupo Katumbaia participou da construção, juntamente com entidades de proteção de cães e gatos.
      Houve palestras, oficinas, painéis, mesas-redondas e denúncias. Entre os palestrantes estavam, Anna Marcia Martins, Sérgio Greif e Daniel Lourenço, que fizeram ótimas falas.
        Será convocada uma assembleia para fechar os encaminhamentos abordados nesta edição.
        Abaixo, segue o discurso feito pelo Grupo Katumbaia na abertura do evento:

"Bom dia a todos.

Primeiramente gostaria de, em nome dos estudantes e grupos organizados, agradecer a todos os presentes, e ressaltar a imensa importância que é tê-los aqui apreciando o debate sobre as diversas esferas dos Direitos Animais. Debate este, que figura entre os temas fundamentais para construção de uma sociedade mais saudável.

O que não faltam, são evidências de que precisamos urgentemente de novos valores. Superar o antigo paradigma que coloca o humano hétero, branco e do sexo masculino como o centro do universo. Este paradigma que tem destruído direitos indígenas, e dilacerado a liberdade sexual, é exatamente o mesmo que expõe e subjuga as mais diversas espécies de animais aos interesses do animal designado como Homo Sapiens, custe isto o que custar.

A violência que caracteriza um ato de agressão, é exatamente a mesma independente da cor, forma, língua ou nível de inteligência do agredido. Assim como os sentimentos que impelem a injúria são exatamente os mesmos, independente do alvo a quem é direcionada.

Pesquisas tem indicado que pessoas que cometem crimes violentos, na grande maioria das vezes presenciaram ou foram autores de crueldade contra outras espécies de animais, quando crianças.

Cegos a estes fatos, tentamos de todas as formas, justificar a exploração que fazemos dos outros animais. Mas não há um só argumento capaz torná-la eticamente justificável. Por fim, invoca-se sempre a existência de diferenças entre humanos e outros animais, como se a diferença por si só bastasse pra justificar a objetificação e opressão que causamos. Olhares um pouco mais atentos, perceberiam que estas respostas, representam os mesmos mecanismos fundamentadores do fascismo, racismo e machismo. Mas o que fundamenta direitos, não são diferenças nem semelhanças. Mas sim a existência de individualidade e interesses conscientes.

Cambridge, 2012 - Conferência de Neurocientistas emite declaração atestando a existência de consciência em animais.

E pensar que demoraram tanto para anunciar o óbvio. Ou será que alguém pensou que o cérebro não serviria para produzir consciência nos outros animais??

Enquanto isso, em Seropédica, animais que deveriam ser classificados como Grandes Primatas, sobem e se divertem nas costas de bois e cavalos, enquanto estes pulam de dor por terem uma corda, que comprime os órgãos internos, amarrada à sua barriga. E tudo isso com o apoio de nossa universidade.

E como ficamos quando sabemos que diariamente diversos porcos, vacas, equinos, coelhos, ratos, cobaias, cães, e muitas outras espécies de animais, são submetidas a procedimentos dolorosos e estressantes de pesquisa e ensino na Rural? É preciso lembrar que a Declaração Internacional dos Direitos Animais, da qual o Brasil é signatário, expõe que qualquer tipo de experimentação é incompatível com os Direitos Animais?

É possível que alguém esteja afirmando: Esse cara quer acabar com ciência!

Não. Definitivamente não. O que acaba com a ciência é associá-la com um único método. É defini-la e limitá-la a uma única matriz de pesquisa. É admitir que não há outra forma de se fazer ciência, que não o uso de animais.

Há substituição à todas a linhas de pesquisa com animais? Atualmente não, pois cada linha de pesquisa depende apenas de seu criador e dos seus reprodutores.

É possível substituir todas as linhas de pesquisa com animais? Não sem investimento.

Enquanto existem linhas de pesquisa humanitária sendo desenvolvidas nas mais diversas áreas, inclusive, no Rio de Janeiro, onde temos profissionais de renome na área, trabalhando na UFF e na FIOCRUZ, que é a maior experimentadora em animais na América Latina, a Rural, nem sequer possui um projeto institucional ou investimento mínimo, que seja, para mudar o perfil da nossa pesquisa, nem mesmo na área primordial do ensino.

Mas se desejarmos, em algum futuro, modificarmos a matriz científica de produção de conhecimento, temos de começar modificando o ensino.
A formação de profissionais de biomédicas por meio de grades curriculares humanitárias, por sua vez, potencializará a criação de linhas de pesquisa sem o uso degradante de animais.

A maioria das universidades de destaque mundial já não utiliza mas animais como metodologia de ensino. Harvard, Yale, Oxford, Cambridge. Em muito países, o uso na graduação foi proibido. Australia; Canadá; Áustria; Inglaterra. No Brasil diversas universidades já pararam.

Temos uma quantidade cada vez maior de estudos que apontam a vantagem pedagógica do ensino sem o uso de animais vivos, ou que tenham sido mortos para as práticas.

Precisamos incentivar os estudantes que são contrários ao uso de animais no ensino, garantindo-lhes o direito de Objeção de Consciência, que é o direito de cursar o Curso de sua escolha por meio de metodologia humanitária.
É de prima importância entendermos, que prejudicar um estudante, em sua nota ou frequência, ou desestimulá-lo a dar seguimento ao curso por conta de suas crenças filosóficas; políticas ou religiosas, trata-se de discriminação, pois o estudante está sendo impedido de exercer sua própria identidade sociocultural, ferindo assim sua liberdade de crença garantida pela Constituição.

Devemos nos esforçar em aliar a ética e a ciência. Estimular a valorização da vida e passar valores de compaixão, sensibilidade ao sofrimento alheio, e fraternidade, assim como imbuir nosso ensino dos mesmos. É somente por meio da mudança de corações e mentes, associada a atuação organizada que conseguiremos provocar mudanças estruturais em nossa sociedade, para um caminho mais igualitário e justo.

É por isso que o Grupo Katumbaia luta. E é por acreditar que eventos como este contribuem para esta mudança que estamos aqui conclamando todos vocês a se organizarem e contribuírem na transformação de nossa Universidade.

Obrigado."

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